segunda-feira, 25 de março de 2013

ANESTESIA SEM AGULHAS????



Produzida na Alemanha, é comercializada com a marca INJEX. No Brasil é usada a marca SAFE-INJECT devido à marca INJEX ser propriedade de terceiros.


Quanto anestésico deve ser injetado?
A dosagem básica recomendada é de 0.3 ml por aplicação. A segunda aplicação para prolongar o efeito pode ser administrada a qualquer momento. A dose da anestesia local é ainda muito menor se comparada com a seringa convencional (1,8 ml) apesar da segunda aplicação.
Porque a dose de pelo menos 0.3 ml é recomendada?
Menos que 0.3 ml para a aplicação inicial não é suficiente e o nível de anestesia é muito baixa, assim como com a infiltração convencional da anestesia.
Quais quantidades de anestesia podem ser administradas por aplicação?
Cada ampola do Safe- Inject deve ser preenchida com no máximo 0.3 ml de anestésico. A dose de 0.3 ml é recomendada para aplicações dentárias. Pode haver reaplicações se necessário. Basta retirar o Sili-Top e recarregar a ampola.
O quão rápido a anestesia local se torna efetiva após a aplicação?
A efetividade anestésica local é mais rápida do que a injeção convencional, apresentando uma infiltração quanto uma maior com distribuição tecidual da droga. A área injetada é anestesiada com a Safe-Inject em aproximadamente 30 segundos.
Quão grande é a janela terapêutica em comparação com a infiltração convencional de anestesia?
Aplicação com Safe-Inject oferece uma janela terapeutica similar do que a infiltração convencional da anestesia. Mesmo assim podemos afirmar que existe uma melhor distribuição do agente anestéscio dentro do tecido derivado da tecnologia da Safe-Inject.
O adaptador de transporte só deve ser utilizado uma vez?
O adaptador de transporte do anestésico é um produto estéril que dever manuseado de forma a evitar contaminação ou redução de sua funcionalidade. Sugerimos que o adaptador seja descartado diariamente. ATENÇÃO: o adaptador quando utilizado de forma inadequado pode ocasionar a cristalização do anestésico dentro do adaptador, contaminar o anestésico ou até mesmo prejudicar a transferência do anestésico para a ampola da Safe-Inject.Descarte o adaptador quando houver a contaminação do mesmo.
Qual anestésico pode ser usado?
Todos os anestésicos comercializados na atualidade na área de odontologia podem ser utilizados com o sistema de injeção sem agulha Safe-Inject para aplicações dentárias desde que respeitadas às particularidades farmacológicas.
Quais dentes podem ser anestesiados com Safe-Inject?
Anestesia infiltrativa utilizando Safe-Inject pode ser feita em todos os dentes decíduos em caso de crianças e em adultos nos dentes 15-25 e 33-43, sempre aplicando com o ângulo de 90°.







domingo, 24 de março de 2013

Odontohebiatria: cuidado específico com o adolescente



Segundo a Organização Mundial da Saúde, a adolescência acontece dos 10 aos 19 anos, 11 meses e 29 dias, e totaliza aproximadamente 34 milhões da população brasileira. Essa é a fase englobada pela Odontohebiatria.

Por: Célia Gennari

Dra. Lúcia Coutinho, especialista em Odontopediatria, Odontologia para bebês e Ortodontia Preventiva, comenta que a Odontologia Curativa de Massa esgotou-se, especialmente devido à transição epidemiológica sofrida com a introdução dos fluoretos na água e por outros meios nos anos 1980, que impactaram fortemente na diminuição da prevalência de cárie.
Com isso a demanda por tratamentos restauradores complexos reduziram-se drasticamente. Aliado a isso, a disponibilidade à informação se alastrou e com isso o acesso à atenção preventiva.
Conforme reporta Zanetti (1999), foram lançadas as bases primárias para a estruturação do novo paradigma de prestação de serviços odontológicos na esfera privada: a Odontologia de Mercado Segmentado. Com isso, o mercado passa a ser segmentado, heterogêneo, diferenciado, personalizado, sem padrões fixos ou únicos, flexível e especializado. No entanto, a sociedade se ressente da segmentação excessiva na saúde, volta-se, então, a valorizar a inserção da especialidade ao todo. A Odontohebiatria, com seu caráter preventivo e com seu enfoque voltado para características peculiares da adolescência, mas sempre em função do ser integral, caminha a favor deste movimento.
Embora a prevalência de cárie tenha caído bastante, o fato de neste período da vida ocorrer modificações em padrões de dieta e higiene oral e pelo fato dos responsáveis terem menos controle sobre estes fatores, torna-se imperativo reforçar o enfoque preventivo, orientando dieta e medidas de remoção de biofilme dental.
O risco de aparecimento de cárie se deve, principalmente a: dieta acentuadamente cariogênica, má higiene oral, maior número de superfícies dentais erupcionando, imaturidade dental e o uso de aparelhos ortodônticos.
Tendo em vista os fatores de risco associado à fase, seria de se esperar uma alta prevalência de cáries, mas o uso do flúor no abastecimento de água e dentifrícios levou a uma grande melhora dos índices. No Brasil, como no mundo, os índices de CPO-D estão caindo. O Ministério da Saúde, em levantamento nacional em 2010, mostrou uma média de CPO-D aos 12 anos de 2,1.
No município de São Paulo avaliou-se 4.249 adolescentes de 12 anos e o CPO-D foi 1,32 e 2.858 adolescentes de 15 a 19 anos e o CPO-D foi de 2,41.
Com a redução da prevalência de cárie, a erosão dentária passou a chamar a atenção. As causas de origem intrínseca estão associadas à xerostomia, pelo maior tempo de exposição da substância erosiva sobre o elemento dental e a doenças que provocam regurgitação, como refluxo, bulimia nervosa e anorexia, pelo contato constante do ácido gástrico com o meio bucal. As causas de origem extrínsecas estão associadas, por exemplo, ao excesso de ingestão de bebidas ácidas. O traumatismo também é muito prevalente entre os jovens, especialmente os atletas, que devem ser incentivados a usar protetores bucais. A literatura mostra que a prevalência de gengivite em adolescentes varia de 59% a 70%.
O processo de transição que marca a passagem da infância para a vida adulta é repleto de particularidades, no que diz respeito a características biológicas, psicológicas e sociais. Para que o adolescente tenha maior aderência aos cuidados preventivos é necessário o enfoque naquilo que o afeta prontamente. Ou seja, chamar a atenção para a halitose, devido à inflamação gengival, para o aspecto estético na erosão, cárie ou traumatismo.

Preparação profissional
A Odontohebiatria é uma clínica geral voltada ao paciente adolescente, e a Odontopediatria é voltada à criança. A anamnese usada deve ser a mesma da pediatria, acrescida de algumas questões sobre: fumo, álcool, drogas, vida sexual e data da menarca. Quando se trabalha em equipe multiprofissional, o odontopediatra tem acesso ao estágio pubertário ou estágio de Tanner, informação muitas vezes importante para se planejar tratamentos ortodônticos e ortopédicos, que apresentam resultados mais rápidos do início da adolescência ao final do estirão pubertário.
Muitas vezes, devido à periodicidade do tratamento, o dentista tem mais contato com o adolescente do que outros profissionais de saúde. Devido a isso, é necessário que o odontohebiatra esteja atento a alguns comportamentos de risco, uso de drogas lícitas ou ilícitas e distúrbios alimentares.
Da mesma forma que na odontopediatria pede-se um diário alimentar, é importante pedir também no caso do adolescente. Em relação aos distúrbios alimentares, alguns sinais precisam ser observados, nos casos de anorexia: a utilização de roupas largas continuamente, evitar situações sociais que implicam em se alimentar e comportamentos obsessivos; já nos casos de bulimia é mais difícil identificar comportamento, no entanto, os sinais de erosão dental, devido aos constantes episódios de vômito forçado, são bem evidentes.
A despeito da moda, a saúde deve ser priorizada. No caso do clareamento dental, os adolescentes mais jovens apresentam dentes com esmalte imaturo e mais poroso, portanto, mais sujeitos a hipersensibilidade. Neste caso, a decisão de se fazer o clareamento precisa levar em conta o fator idade e saúde geral. Alguns problemas sistêmicos podem, se não forem resolvidos, contraindicar o clareamento dental, tais como: asma, respiração bucal, hipersensibilidade a compostos de hidrogênio, desordens respiratórias e digestivas, xerostomia, bruxismo, entre outros.
No caso do uso de piercings orais, as complicações locais incluem: hemorragia, inflamação local, aumento do fluxo salivar, reação alérgica ao metal e trauma ao osso e dentes adjacentes, resultando em reabsorção e fraturas, respectivamente. Sistemicamente, o piercing oral tem sido identificado como vetor na transmissão de vírus, tais como: HIV, hepatite (B, C, D e G), herpes simplex, entre outros.
O uso de drogas e sexualidade são assuntos delicados. Portanto, é preciso criar um vínculo de confiança, sempre explicando as implicações que estas questões poderiam ter no tratamento. Entre elas:
  • A maconha tem um efeito cancerígeno na mucosa oral e pode provocar imunossupressão. O atendimento não deve ser realizado durante o efeito da droga, pois o uso de adrenalina/epinefrina no tubete de anestésico pode potencializar o efeito da maconha, induzindo a taquicardia.
  • O uso da cocaína pode causar recessão gengival, cárie de raiz, GUNA, bruxismo. A cocaína aumenta a sensibilidade cardíaca à adrenalina que é usada na maioria dos tubetes anestésicos dos dentistas e pode levar a uma “combinação fatal”, principalmente se a droga tiver sido usada até oito horas antes da consulta. Pacientes que fazem uso combinado da cocaína e álcool tendem a ter uma soma destes sintomas e causar condições mais severas.
  • Os que fazem uso do “ecstasy” têm uma maior tendência a ter bruxismo, assim como trincas, recessões gengivais e xerostomia.
Indivíduos que fazem uso da droga devem informar ao dentista, principalmente de um a dois dias após o uso, quando irão receber anestesia local ou se forem realizar alguma cirurgia, pois sua pressão pode estar alterada.
“A higiene bucal nesta fase é muitas vezes comprometida, pela falta de regularidade nas alimentações, o tempo fora de casa, o excesso de atividades e o menor controle dos pais”, explica Dra. Rosa Maria Eid Weiler, mestre e Doutora em Ciências Aplicadas à Pediatria pela UNIFESP.
No estudo realizado por Santos (2010), foi avaliada a existência de relação entre doença gengival em 80 adolescentes em relação aos estágios de Tanner (controlando o índice de placa) para identificar se o aumento de circulação de hormônios sexuais durante o estirão poderia aumentar a prevalência de doença gengival. Não encontrou relação estatisticamente significante, porém a prevalência de doença gengival nos adolescentes foi muito alta. 60% apresentaram sangramento à sondagem e 13,75% apresentaram cálculo. Além disso, não encontrou diferença estatisticamente significante entre o índice de placa entre meninos e meninas, que nos dois casos foi elevada.
Para detectar se o adolescente está ou não em comportamento de risco, ao profissional cabe exercitar a escuta sem preconceitos e com acolhimento, ficar atento aos fatores protetores: estrutura familiar, escolaridade, o grupo a que pertence, projeto de vida e histórico infantil. Uma abordagem inicial errada pode dificultar o relacionamento.
O protocolo de atendimento para o adolescente utilizado no Setor de Medicina do Adolescente do Departamento de Pediatria da UNIFESP tem a parte de anamnese mais voltada para o histórico odontológico e a de exame físico, abordando um odontograma contendo código para 30 alterações dentais de todo o tipo. Além disso, é aplicado um questionário que funciona como uma triagem de DTM. Caso alguma das respostas seja positiva, é feito um exame dos músculos mastigatórios, abertura bucal, protrusão, lateralidade, desvios na abertura etc., para um exame mais completo da condição da articulação têmporomandibular. “Como temos um serviço multiprofissional e temos acesso ao prontuário médico, nutricional, de fonoaudiologia e dos demais profissionais, as perguntas sobre o uso de drogas, sexualidade, a parte nutricional, entre outras, não são repetidas, pois seria extremamente cansativo”, comenta Rosa Weiler, coordenadora da Área de Odontologia do Setor de Medicina do Adolescente da UNIFESP. “Na clínica privada, é preciso que seja incluída na ficha clínica as questões médicas, nutricionais, fonoaudiológicas, portanto, será mais extensa”.